VERSOS DE UM VIAJANTE



Ai! nenhum mago da Caldéia sábia
A dor abrandará que me devora.
Fagundes Varela

Tenho saudade das cidades vastas,
Dos ínvios cerros, do ambiente azul...
Tenho saudade dos cerúleos mares,
Das belas filhas do país do sul!

Tenho saudade de meus dias idos
— Pét’las perdidas em fatal paul —
Pet’las, que outrora desfolhamos juntos,
Morenas filhas do país do sul!

Lá onde as vagas nas areias rolam,
Bem como aos pés da oriental ‘Stambul...
E da Tijuca na nitente espuma
Banham-se as filhas do país do sul.

Onde ao sereno a magnólia esconde
Os pirilampos "de lanterna azul",
Os pirilampos, que trazeis nas coifas,
Morenas filhas do país do sul.

Tenho saudades... ai de ti, São Paulo,
— Rosa de Espanha no hibernal Friul —
Quando o estudante e a serenata acordam
As belas filhas do país do sul.

Das várzeas longas, das manhãs brumosas,
Noites de névoa, ao rugitar do sul
Quando eu sonhava nos morenos seios,
Das belas filhas do país do sul.
Em caminho, fevereiro de 1870