Joana contava a Lucinda um namoro que tivera com um rapaz da rua do Piolho ...



Joana contava a Lucinda um namoro que tivera com um rapaz da rua do Piolho, enquanto a prima lançava de quando em quando um olhar a Benjamim.

- Muito custa a vir este jantar. Parece que nunca mais se acaba de pôr esta mesa. Tia Maria, já há de estar com uma fome!

Carlos dizia estas palavras tirando da mesa um pedaço de pão e mastigando para enganar o estômago.

- Não te pareça! disse D. Maria, por certo que estou com fome...

Finalmente ficou o jantar na mesa.

- Bem, vamos entrar em serviço.

- Não, senhor! disse D. Angélica, esperemos o Batistinha.

- Onde foi ele?

- Foi à casa.

- Esta agora! Havemos de estar em casa à espera de um estranho! e logo quem!

- Carlos! exclamou a mãe, tu hás de ser sempre um...

D. Angélica mastigou o epíteto. Carlos pondo as mãos nos bolsos da calça entrou a passear como um homem chegado ao último grau do desespero.

- Estou capaz de ir jantar a uma casa de pasto.

- Pois vai!

Nesse momento ouviram-se passos na escada.

- Graças! disse Carlos. Chega o desejado.

Não era o desejado. Era o Sr. Tibúrcio Mendes, negociante de negros novos, homem taludo e bojudo, vermelho e asseado.

- Dá licença, D. Angélica? disse ele parando na escada.

- Entre, Sr. Tibúrcio. Bons olhos o vejam.

Na entrada o Sr. Tibúrcio foi cumprimentando rasgadamente a companhia.

- Faltava este cágado! disse entre si Carlos.

E já ruminava seriamente o projeto, anteriormente indicado, de ir jantar à casa de pasto, quando apareceu o dono do armarinho. Batista explicou a demora dizendo que a causa fora uma altercação com um sujeito a propósito de agulhas n. 5, coisa que não interessava absolutamente a ninguém, mas que todos ouviram com paciência cristã.