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Dizem que nas grandes cidades não há o tipo ingênuo, a 
inocência... A inocência é uma propriedade, uma qualidade que 
passa, mas existe em toda a parte. Nas classes mais pobres, nos 
meios mais miseráveis é que se encontra mais a flor da inocência, 
exposta ao vendaval e guardando o perfume, por um prodígio. 
Desfolhar essa flor, violentamente, como um sátiro, não é crime 
- é instinto. Gozá-la naturalmente sem a intenção senão de a 
gozar - é a natureza. Cercá-la, prendê-la, ir aos poucos 
aspirando-a, desfolhando pétala por pétala, com refinamento, 
intenção dupla, consciente e ferozmente - é que é monstruoso. E 
vocês não sabem, não podem imaginar a fúria de caçador que eu 
desenvolvo para as encontrar, vocês não concebem o gozo meu ao 
prelibar a volúpia de um beijo de virgem, um beijo sugado na boca 
ainda não beijada... 
  
 
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