Bem ao centro, o nosso vasto ministro em Honduras desdobrava a sua simpática adiposidade



Bem ao centro, o nosso vasto ministro em Honduras desdobrava a sua simpática adiposidade numa roda de mocitos elegantes, ferozes pretendentes ao secretariado diplomático, e, de vez em quando, cortando o zumbido elegante do grande hall, retinia imperiosamente o som de uma campainha elétrica.

Estávamos a almoçar cinco ou seis, convidados pelo barão Belfort, esse velho dåndi sempre impecável, que dizia as coisas mais horrendas com uma perfeita distinção. E fora de certo uma extravagåncia aquele demorado almoço, a fazer horas para um match de foot-ball, a que seria impossível deixar de assistir O barão, de veia, com a sua voz de navalha, recortava na pele dos presentes as caricaturas perversas. Nós já tínhamos rido muito e entrávamos com apetite num vulgaríssimo salmis de coelho, quando de repente um dos nossos companheiros exclamou:

- Olha, a chilena aqui!

À porta surgiu uma triunfal figura de Céres, com o cabelo cor-de-ouro e o verde olhar coado por umas negras pestanas de azeviche. O seu lindo corpo era como que modelado pelo vestido de Irlanda e rendas verdadeiras. Nos dedos afilados e tênues, como as pétalas esguias dos crisåntemos, três ou quatro pérolas rosas; nos lóbulos das orelhas, duas negras pérolas e por sobre a gola leve de rendas brancas um virginal colar de pérolas. Acompanhavam-na um cachorrinho branco de neve, de focinho impertinente, e um cavalheiro, baixo, gordo, cheio de jóias, enfiado num redingote azul.

- A chilena! A chilena aqui! Mas que sociedade é esta? bradou o mais jovem dos convivas.