Melhor e mais digno é sempre não ter repugnâncias pelas misérias humanas



Melhor e mais digno é sempre não ter repugnâncias pelas misérias humanas. Nada mais relativo que a ignoråncia. Demos o que a criatura pedia. E no outro dia era eu a convidar Augusto para vermos as pobres mulheres da praça Tiradentes.

Realmente. Aquilo que nas esquinas das ruas próximas do cais passa como lepra, tomava no Rocio proporções de pornéia num quartel. Dizem que outros trechos urbanos resistem à civilização normalizadora, mantendo, apesar de tudo, a personalidade. Estávamos num ponto de movimento extraordinário, com a iluminação escandalosa dos teatros; por todos os lados, o turbilhão de conduções correndo, buzinando, rolando entre a multidão densa. E, entretanto, a praça mantinha as suas horrendas tradições. Com o acender dos reverberos e o abrir de chofre dos arcos-voltaicos era a aparição das primeiras figuras. Algumas ficavam até pelas duas da madrugada - andando. De preferência o lado do ministério, à frente da travessa Leopo1dina, as aléias do jardim separadas da rua apenas por um canteiro. Todas se saudavam, contavam pequenas intimidades.

- Boa noite.

- A sra. passou melhor?

- Qual! A constipação não me deixa.

- É do tempo...